O fluxo de caixa descontado é a metodologia de cálculo de valuation de empresas mais utilizada no mundo. Seu princípio básico é que o valor de uma empresa é a soma dos fluxos de caixa futuros, ou seja, o que ela gera de riqueza, descontados para o momento presente por uma taxa que representa o custo do capital mais os riscos associados.
Parece complicado para quem está tendo o primeiro contato com o conceito, mas em breve escreverei um artigo bem didático sobre o tema.
De qualquer maneira, a aplicabilidade dessa metodologia para pequenas empresas de alto crescimento, ou startups, é uma grande polêmica.
Sem muitos rodeios, a minha opinião é que SIM, deve-se aplicar o fluxo de caixa descontado para uma startup.
conheça o curso de valuation de startupsA razão é simples, mas não é óbvia:
O plano de execução e a visão de longo prazo – que gerarão o fluxo de caixa projetado – devem estar alinhados com a percepção de valor da oportunidade no momento do investimento.
Essa percepção de valor nada mais é do que o preço que um investidor está disposto a pagar para participar de um retorno futuro e incerto. Escrevi sobre isso nesse artigo.
Portanto, NÃO usamos o fluxo de caixa descontado para cálculo do valor da empresa. Usamos apenas para validar o plano de execução.
Validar o plano de execução significa responder a seguinte pergunta: essa empresa consegue crescer e gerar valor de forma sustentável?
A verdade é que não queremos que a empresa pare de crescer, não enquanto ainda estivermos na sociedade, e muito menos que sobre dinheiro no caixa. Mas é importante saber se dá para crescer, passar do ponto de equilíbrio e continuar a crescer sem depender de investimentos externos.
conheça o curso de projeções financeirasA pergunta mais adequada não é SE devemos usar ou não o fluxo de caixa descontado em startups, mas PARA QUE usar.
Objetivamente: o fluxo de caixa não define valuation de pequenas empresas de alto crescimento, ele funciona como um mecanismo de balizamento. Ele ajuda a garantir que o plano de investimento não fique descolado da negociação de participações acionárias.
Esse é um fato muito comum, infelizmente! Vejo dia após dia empresas sendo negociadas a valuations absurdos, sem validação alguma se aquilo faz sentido com o planejamento ou, pior, com o próprio tamanho do mercado.
O contrário também é verdadeiro. Negociar valuation com base no resultado do fluxo de caixa descontado é outro erro frequente. A projeção pode estar bem feita, mas muitas vezes o número não faz sentido do ponto de vista do alinhamento de interesses e retornos esperados por cada um dos sócios.
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